sábado, 8 de março de 2008

Bob Dylan: Eu Não Fui – Miguel Sokol “Rolling Stones”, março 2008


“Nem iria, não enquanto um maldito ingresso custar R$ 900,00, dinheiro que compra a discografia completa dele, mais a videografia, a bibliografia e ainda de sobra um troco para uma “cervejografia”, completa.
Tá bom, R$ 900,00 era o preço V.I.P. (“very idiotic pelople”), em São Paulo. Falemos então dos ingressos populares, daquelas cadeiras atrás da pilastra, quase dentro do banheiro, vendidas a R$ 250,00. Por favor! Um lugar no céu por toda a eternidade e com vista para o mar custa mais barato do que isso em qualquer igreja que loteou o paraíso.
Ainda que o Dylan fosse um caso isolado...Mas o Sean Kingston(!) chegará a R$ 300,00(!!). E não adianta chamar a policia. Ou você faz questão de esquecer que para ver o Sting e companhia no gigantesco Maracanã se desembolsava quinhentão?Ok, quem não se incomodou em só ouvir, sem enxergar porra nenhuma, pagou mais barato.
E a piada não tem graça. Organizadores resolveram que shows no Brasil são eventos sociais, verdadeiros cruzeiros pelo Caribe, bicho. E quem gosta de música que vá para o inferno.
O que se passa na cabeça perigosa desses hediondos idiotas? Já sei: “Bob Dylan tem 66 anos, então é um show de tiozão. Enche de mesa, meta a faca na entrada e estoca azeitona, porque a gente vai vender muito martini lá dentro”.
É por essas e outras que o Skank precisou de uma década de sucessos terríveis como “Jack Tequila” para descobrir os Beatles e ter a oportunidade de gravar Maquinarama. E a culpa não é deles. Qual Samuel Rosa aos 19, 20 anos de idade tem R$ 900,00 no bolso pra freqüentar Bob Dylan? Eu sei. Aquele mesmo que, quando cresce, se torna mais um crítico descolado que gosta mais de si mesmo do que de música, e sai por aí dizendo que o Strokes estão ultrapassados só para lamber o próprio saco, elogiando qualquer banda com menos de uma semana de existência. E pelo simples motivo que só ele a conhece. Deus me livre!
Não. Eu não fiz, faço ou farei questão de ir a esses shows caros. Essas apresentações do Bob Dylan no Brasil estavam para o rock assim como os camarotes da Sapucaí estiveram para o Carnaval: Samba uma pinóia! Só aquele monte de celebridades querendo dinheiro para vestir camisa de marca de cerveja.
Tudo não passa de uma grande vitrine de loja dos horrores, cheia de gostosas pleiteando uma vaga na coluna social, canibais poderosos que não tinham aonde levar as amantes antes do ‘jantar’ e toda a sorte de VIPs, BBBs e PQPs.
Mas quem teve coragem de vender a mãe para encarar essa sucursal do inferno, com certeza foi recompensado por um Bob Dylan que , mesmo sem fazer a menor idéia de onde tinha se metido, sabia exatamente onde estava. Se não soubesse, essa não seria a turnê de um disco chamado The Mother Times, amigos.”

2 comentários:

Luiza disse...

Muito boa essa matéria. Indignada como me sinto aqui.
O cara só esqueceu de dizer que a promoção do Dylan era aniversário de 10-15 anos da ´vip´ revista Caras.
Ou isso aqui é um país de otários ou estamos brincando de ser o que não somos e não podemos.
Classe média desgraçada!
Beijinhos mil.

Tita disse...

Eu também achei um absurdo!! 900 paus para ver o cara desafinar, reclamar!! Sensacional esta matéria. Bjs