quinta-feira, 1 de maio de 2008

Feliz Dia do Trabalho!

Por Carlos Fernando Moura

Viva o trabalhador brasileiro!


Durante muito tempo, achava o Réveillon a data mais significativa entre todas as datas comemorativas. Confesso que ainda gosto da virada do ano e seus signifcados grandiosos, como mais uma fase vencida, barreiras ultrapassadas que compõem nossas retrospectivas pessoais, sempre recheadas de vitórias pouco reconhecidas e derrotas supervalorizadas. Enfim, o recomeço.

Mas hoje, aqui debaixo, debaixo dos meus 40 anos, não tenho dúvida nenhuma ao afirmar categoricamente: a data mais importante dentre todas as datas comemorativas que existe é o Dia do Trabalho!

O dia do trabalhador, em especial do trabalhador brasileiro (mesmo porque não saberia falar do trabalhador ucraniano, venezuelano, estadunidense…). Mais especificamente do trabalhador brasileiro das famílias de baixa renda. Este sim é o meu herói. O meu ídolo completo. Í – D – O – L – O. Com todas as letras, com todas as mais carregadas tintas da perseverança, da persistência, da esperança, da grandeza, da atitude, da riqueza espiritual, da magnitude, do bom humor, da rebeldia.

Pode não parecer, ou pode até parecer loucura aos olhos mais apressados, mas o trabalhador brasileiro é antes de tudo um inconformado. Um revolucionário que diante de todas as mais absurdas situações do nosso país, insiste em se levantar, se arrumar, sair e ir trabalhar. É como se ele gritasse na nossa cara: “Podem me sacanear, podem me ignorar, podem me fuder de todas as formas. Eu vou trabalhar!”

Este meu herói ao mesmo tempo macunaímico e cheio de caráter, passa a vida em constante Odisséia. São os nossos Ulisses entre bumbas lotados, chefes irascíveis, salários minguados, bocas escancaradas, berros apontados sobre a cabeça. Berros policiais, berros marginais. E mesmo assim, ele segue.

Espremido entre a violência, o descaso, a ignorância, o preconceito e a falta de respeito, o meu ídolo segue altivo como um autêntico guerreiro zulu. Um cangaceiro mítico que destoa e se destaca na paisagem, mas que insistimos em não notar.

Despercebido e desapercebido, ele segue.

É a este meu ídolo e herói, o-trabalhador-brasileiro-das-famílias-de-baixa-renda-que se-recusam-a-desistir-e-seguem-adiante-mediante-qualquer-intempérie-ou-obstáculo que-se-coloque-a-sua-frente, é a este gigante que eu humildemente rendo todas as homenagens.

Hoje, 1º de maio de 2008, quinta-feira, provavelmente encontrarei alguns deles dos dois lados do balcão, nos pontos de ônibus, nas ruas e limpando as ruas. Sim, hoje, no feriadão de 1º de maio, eles passarão na frente de casa, como sempre fazem às terças, quintas e sábados, e levarão os lixos que deixamos nas ruas. E hoje, receberão de mim uma caixinha. Uma singela caixinha pra rachar, pra, sabe Deus, tomar uma cachaça pra esquentar.

Uma homenagem simbólica a todo o grande trabalhador brasileiro. Este meu herói!